Original
de Nova Friburgo, interior do Rio de Janeiro, o Malvina surgiu em 2003 como a
maioria das bandas: unindo a vontade de quatro adolescentes de fazer música.
Atualmente, como trio, é composta pelos irmãos Vinícius (voz e baixo) e
Bernardo Dias (voz e guitarra) e Renato Avellar (bateria). Nas influências,
assim como consta o "ABC" do hardcore e punk rock: Ramones, Bad
Religion e NOFX, que são os bases fundamentais para a sonoridade desenvolvida
ao longo desses anos, estão entre elas Opeth, Nirvana, Voivod, Descendents,
Propagandhi, King Crimson e Dead Fish. O
Malvina foi batizado com este nome em homenagem a uma bomba de fabricação
caseira, que relaciona 'barulho' e o 'independente'. Após alguns anos da primeira formação e com
três EPs no currículo, 2010 foi o ano em que saiu do forno o primeiro disco da
banda, ''Claustro''. A
recepção positiva por parte do público (não só brasileiro) fez com que o
Malvina sentisse necessidade de cobrir o lapso com a distribuição e divulgação
de 2010, acreditando que o disco mereça uma boa estrutura para difusão. Agora
em 2014, o álbum foi assinado pela Green Gold Records (EUA). As dez faixas que compõem Claustro são
divididas, igualmente, entre o inglês e o português. Feedbacks positivos já
vieram de público, blogs e rádios da América Latina, Estados Unidos e Ásia. As canções que compõem o EP "Vomit
Juice", lançado virtualmente em 2011, são todas em inglês e resgatam a
sonoridade do punk rock das décadas de 80 e 90. Atualmente,
em 2014, o Malvina se concentra na
produção do segundo álbum, que pretende quebrar o paradigma conservador e restrito de definições,
misturando diversos elementos existentes no Rock n' Roll, Punk, Hardcore,
Metal, Grunge, Progressivo, entre outros.O EP
"Nankeen'' será lançado em Outubro-Novembro desse ano, e é uma prévia do
novo álbum, contendo 2 músicas; 'Nankeen' e 'The Hiding Sun'. A
faixa "The Hiding Sun'' consiste em 4 atos basicamente, e condensa muitas
das influências da banda.
Maycon Rocha da
equipe Under Rock Br bateu um papo com a banda carioca Malvina, se liga na
entrevista irada que os caras deram para o site:
U.R- Como surgiu o Malvina? Contem sobre a
banda, a evolução, as influências e onde pretendem chegar com o som feito por
vocês.
Malvina-
A banda foi algo que surgiu de
forma bastante despretensiosa. Em 2003, a primeira formação do que viria à ser
o Malvina pode ser resumida à vontade de moleques bem novos querendo fazer um
som. Além de nós 2, Carlos Erthal foi o primeiro 'segundo guitarra' da banda, e
a batera foi estreada por Bruna Croce, uma amiga do ensino fundamental. Esse
quarteto seguiu uns 4 meses fazendo covers de bandas que ouvíamos na época,
como o NOFX, quando muito espontaneamente algumas músicas começaram à surgir.
Logo no início de 2004, Renato Avellar, assumiu as baquetas, vindo de uma banda
de metal de Friburgo da época, o Blackenned. Com essa formação, o Malvina
começou a dar os primeiros passos em direção à própria sonoridade, também mais
ativo já, no underground da região. Dispondo de uma casa em uma região mais
isolada da cidade, ficávamos bem a vontade pra ensaiar o quanto nos parecia
necessário, e quanto maior o entrosamento, maior foi sendo o prazer em tocar
também. Dessa época, algumas músicas foram registradas, mas não acreditamos que
tenhamos chegado onde pretendíamos com elas ou que elas nos representem por
serem simples registros do embrião que ainda começava a se desenvolver. Na
realidade, até o Claustro, foi tudo muita experimentação, sem dúvidas pelo fato
de termos começado com a banda muito novos, sem experiência. Em 2006 tivemos
outra mudança na formação, tendo o Maycon, hoje baixista do Hell Oh!, assumido
os vocais por 1 ano. A experiência foi bem positiva pra todos, que crescemos
com as viagens e gravações que rolaram nesse tempo. No meio de 2007, nos víamos
com uma formação já totalmente diferente. De um quinteto, fomos reduzidos pela
primeira vez à um trio. Isso foi um desafio pra parte musical e emocional de
nós 3, que logo decidimos nos focar em produzir o primeiro disco da banda.
U.R- Em 2010 vocês lançaram o
primeiro disco o “Claustro”, logo em seguida em 2011 o EP “Vomit Juice”, como
foi o processo de produção desses discos e o que esperam apresentar com o novo
trabalho que estão prestes a lançar?
Malvina
- Esses 2 trabalhos registrados tem
em comum à forma como foram gravados: sem pré produção, sem click.
Mas são bem diferentes em aspectos como à
intenção. O Claustro nos exigiu bastante minúcia, e apesar da ausência de click
e pré produção, ficamos quase 1 ano no DBass Studio definindo questões de
harmonia, entre outros. A mixagem foi um processo bem longo nesse disco também,
e exigiu muita paciência do nosso querido Davi Baeta. Já no Vomit Juice, apesar
de contarmos com toda a disposição do Daniel Blei, não sentimos necessidade de
termos uma mixagem tão limpa, por questões de conceito, queríamos fazer um brinde
às bandas de punk rock que sempre ouvimos, um som mais direto e um pouco mais
sujo. Já esse novo trabalho, primeiramente um EP de 2 músicas que estarão
incluídas no segundo full da banda, rolou além de pre-produção, uma co-produção
bem presente do Davi Baeta. Nesse material apresentamos um horizonte mais amplo
de influências, fruto do tempo, e ele não soa como nada que registramos até
agora.
U.R -
Quando estão compondo o que mais inspira vocês?
Malvina-Os momentos de composição normalmente acontecem através de impulsos de natureza mais subjetiva que poderíamos chamar de "inquietações". Além desses estímulos basicamente involuntários, temos a própria memória musical, os livros, filmes, e experiências que tenhamos vivido pra impulsionar e dar consistencia à criação.
U.R- As
músicas do Malvina passam um certo ar de protesto, para compor músicas com um
conteúdo tão inovador, vocês devem ler muito. O que estão lendo no momento?
Malvina- Até então, não acreditamos que tenhamos conseguido expressar muito bem nosso posicionamento quanto à essa realidade. É questão de conseguirmos desenvolver a própria linguagem, e com certeza isso é um ponto positivo nesse novo trabalho em relação aos outros.
Vinícius, "Argumentação contra a morte
da arte'' Ferreira Gullar, ''Colapso'' Jared Diamond, ''Por que não sou cristão'' Bertrand Russel e ''Lutando na Espanha'' George Orwell. Bernardo, "Memórias do Subsolo" Fiodor Dostoievski,"A hora dos assassinos" Henry
Miller,"As flores do mal" Charles
Baudelaire e "Sobre a brevidade da vida" Sêneca.
U.R- Recentemente vocês resolveram se tornar um
trio. Com esta formação mais sólida, como um trio, quais foram os pontos que
consideram mais positivos desta transição?
Malvina - Em todas as mudanças quanto a formação que a banda passou, ganhamos um desafio e perdemos uma parte viva de nós. O Malvina sempre foi constituído de amigos, e esse processo sempre gerou bastante dor. Dessa última vez isso foi bem intenso, pela longa amizade com o Fabrício, e pelos 3 anos que vivemos juntos. O ponto positivo e primordial é a sintonia, muito aguçada que sentimos como um trio, já que nós 3 tocamos juntos à 10 anos né? Esse é o ponto pra nós.
U.R-
Quais as expectativas para esta próxima turnê na Argentina? E como está a
agenda da banda atualmente no Brasil?
Malvina- Para nós essa primeira tour pra fora do Brasil representa muito. Representa poder transmitir pra além de fronteiras que não tinhamos imaginado, tudo que captamos nesse tempo de banda. Estamos mais que ansiosos pra chegar a Argentina!
No Brasil não teremos muitas datas ainda esse
ano, devido ao processo de produção desse novo disco decidimos fazer poucos
shows. Temos dia 21 de Novembro, uma data no estado do Rio, e no primeiro final
de semana de dezembro estaremos tocando em cidades do interior de São Paulo.
U.R-
Qual momento vocês consideram o mais importante até agora na carreira da banda?
Malvina- Todo momento foi muito importante e representa algum aprendizado. Mas provavelmente a produção do Claustro foi o momento em que mais aprendemos, com erros e acertos.
U.R- Muitos definem o som da banda como Hardcore
melódico, vocês concordam? Como vocês lidam com esses rótulos?
Malvina- Não acreditamos que essa seja a melhor
classificação pro som que fazemos. Misturamos elementos além do hardcore e do
punk e isso estará cada vez mais claro. Mas a despeito disso, não há problemas
com quem queira nos classificar dessa forma.
U.R- O som de vocês tem um estilo próprio e
muito radical, que é o inverso do que o mercado fonográfico convencional
almeja. Como vocês veem o atual mercado fonográfico?
Malvina- Na nossa ótica a inversão de valores no que se refere à sonoridade e a estética visual nunca foi tão exacerbada como nos dias de hoje. Há a grande tendência dos discos ficarem cada vez mais curtos, sendo substituídos por EPS e singles, os videoclipes passaram a ser regra. Registros físicos foram se tornando cada vez mais escassos e diferentemente do passado basicamente todos os lançamentos são efêmeros, com prazos bem curtos de validade. A maneira como a maior parte das pessoas "consome" a música também mudou drasticamente, a facilidade de acesso que a internet proporciona acabou fazendo com que aqueles discos que antes nossos parentes mais velhos sentavam e ouviam por vezes seguidas agora passem bem rápido pelos ouvidos mais novos, quando inteiros. Os álbuns conceituais ficaram mais escondidos e menos valorizados. Mais resumidamente, por razão de termos hoje o frênesi de um bombardeamento de informações massivo a maioria das coisas se tornou mais superficial e apelativas.
U.R -.
Como é ser uma banda independente no Brasil?
Malvina- Ser independente no Brasil exige muita vontade e força. Além dos incentivos ao cenário independente representarem muito pouco, e o público pros estilos mais distantes do que o mainstream nacional impõe ser estreito, temos aqui uma questão bem difícil de lidar. Já que a música, especialmente a que nós e os nossos camaradas do underground decidimos fazer, não é vista como uma profissão, pra maioria das pessoas ter banda é ter um hobby, e a maioria lida dessa maneira. De fato, é extramente difícil conseguir se manter apenas com os ganhos da banda ao mesmo tempo que é preciso ralar muito e dedicar várias horas de trabalho pra manter a coisa andando. Por isso muitas bandas acabam por estagnar, quando não acabam de vez, pela dificuldade que muitos integrantes têm em conciliar esse trabalho com suas profissões paralelas. Na verdade, somente quando a música aparece em primeiro plano e os integrantes se permitem arriscar tudo por essa vontade mútua é que vemos uma banda ser banda de verdade. Infelizmente não é só tocar, ter uma banda e querer crescer significa dar conta de inúmeras funções, é estar se sempre se dedicando e correndo atrás, abrindo mão de conforto e noites de sono, descartando a ideia de dinheiro como prioridade
U.R-.
Na opinião de vocês, quais são as melhores bandas do cenário independente
brasileiro?
Malvina- Um número considerável de bandas, em áreas diversas tem representado com novos materiais. Leptospirose, Bullet Bane, Menores Atos, Barizon, Hell Oh!, Pense, Plastic Fire, Chuva Negra, Dillema, Rawfire e Bayside Kings são algumas delas.
U.R -Nós
da equipe do Under Rock BR agradecemos pela entrevista e desejamos muito
sucesso para vocês e para finalizar gostaria que vocês mandassem uma mensagem
aos fãs.
Malvina- Aguardem!
Principais links:
Malvina no Soundcloud
"A polêmica nova cara do hardcore nacional. A banda carioca mostra qualidade mesmo no underground e não tem receio de criticar abertamente o cenário rock brasileiro"
- Érica Mendes (Revista Comando Rock)
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